A Aproximação Facial do Suposto Crânio de Johann Sebastian Bach (1685-1750)

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Cicero Moraes
3D Designer, Arc-Team Brazil, Sinop-MT, Brasil - Bacharel em Marketing, Dr. h. c. FATELL/FUNCAR (Brasil) e CEGECIS (México) - Membro da Mensa Brasil e da Intertel - Revisor convidado: Elsevier, Springer Nature, PLoS e LWW - Guinness World Records 2022: First 3D-printed tortoise shell.

Thiago Beaini
Cirurgião Dentista, Professor Assistente - Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG

Luca Bezzi, Alessandro Bezzi
Arqueólogos, Arc-Team, Cles-TN, Itália
Data da publicação: 30 de julho de 2024
ISSN: 2764-9466 (Vol. 6, nº 1, 2025)

Atenção

Este material utiliza a seguinte licença Creative Commons: Atribuição 4.0 Internacional (CC-BY 4.0).

Aviso

O presente trabalho é independente, sem vínculo com a instituição que guarda os restos mortais de Johann Sebastian Bach, tampouco com as universidades e instituições que os estudaram. O elemento motivador do capítulo é a criação de material didático para o ensino da técnica de aproximação facial, ao testar a possibilidade de se reconstruir uma face utilizando dados originalmente disponíveis em matérias de jornais, mídias online, livros e journals acadêmicos.

Atenção

Caso encontre algum erro no material, sinta-se à vontade para informá-lo aos autores, o contato pode ser feito via redes sociais acadêmicas informadas no início do capítulo.

Introdução

Quem foi Johann Sebastian Bach

Filho de Johann Ambrosius Bach e Elisabeth Lämmerhirt, Johann Sebatian Bach nasceu em Eisenach, Turíngia (pertencente ao atual território da Alemanha), no dia 31 de março de 1685. Era o filho mais novo de uma família de músicos, cujo componente mais antigo conhecido, fora o tataravô Veit Bach um padeiro (ou moleiro), expulso da Hungria para a Turíngia provavelmente na segunda metade do século XVI, por conta de perseguição religiosa, uma vez que Veit era luterano. O pai de Bach, um tocador de cordas, pode ter lhe dado as primeiras lições de música, mas com o falecimento dele e da mãe do compositor em 1695, Bach passou a ser cuidado pelo irmão mais velho, o organista Johann Christoph (1671-1721). Naquele período recebeu aulas do influente compositor Johann Pachebelbel (1653-1706) e a sua voz lhe garantiu espaço em um coro na cidade de Luneburg. Retornando à Turingia por volta de 1702 e já em 1703 foi nomeado organista em Arnstadt aos 18 anos de idade. Em outubro de 1705, solicitou uma licença de um mês e caminhou por aproximadamente 440 Km para conhecer pessoalmente o organista Dietrich Buxtehude, estendendo as férias e retornando apenas em 1706 por conta de reclamações dos empregadores. Apesar do ocorrido, ele não foi demitido. Em 1707 se casa com a sua prima Maria Barbara Bach (com quem teve 7 filhos) e mudam-se para Mühlhausen, onde provavelmente compôs uma de suas obras mais conhecidas a Tocata e Fuga em Ré Menor (BWV 565). Poucos tempo depois vai com a família para Weimar onde passa a ocupar o posto de organista da corte. Durante o exercício do cargo recebe uma proposta de emprego tentadora, mas o duque Wilhelm Ernst aumenta o seu salário, mantendo-o na orquestra como concertino, onde ele passa a compor uma cantata por mês. Permaneceu em Weimar até 1718, quando desligou-se do cargo e novamente, mudou-se de cidade, desta feita para Köthen. Durante esse período a sua esposa falece em 1720 e em 1721 ele desposa Anna Magdalena Wilcken com quem teve 13 filhos (totalizando 20 ao longo da vida). Bach foi diretor de música sacra na cidade Leipzig e durante os dois ou três primeiros anos de trabalho, produziu em média uma cantata por semana, um ritmo frenético de produção. Durante seus últimos anos teve a oportunidade de ver o sucesso do filho Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788), quando testemunhou a apresentação dele diante do rei da Prússia, Frederico II [A_Emery_2024]. Pelo que se sabe Bach foi um homem vigoroso, robusto, saudável e míope. Seus amigos indicaram que o hábito de produzir material de modo ininterrupto pode ter ajudado a comprometer a sua visão, que se deteriorou até atingir níveis críticos, obrigando-o a procurar um especialista que pudesse resolver o problema. Esse especialista foi o oculista viajante John Taylor, que operou-o duas vezes sem sucesso, causando inflamação e a completa cegueira do compositor que morreria pouco tempo depois, em 28 de julho de 1750 [A_Baer_1951]. Alguns autores indicam que ele teria potencialmente sofrido três acidentes vasculares cerebrais nos últimos anos de vida, um em 1746, outro em 1749 e finalmente em 1750 [A_Breitenfeld_2006]. Anna a esposa, se viu em dificuldades, pois aparentemente não recebeu ajuda dos filhos do primeiro casamento de Bach, e os seus filhos eram jovens demais naquele período, o que dificultaria qualquer suporte. Faleceu em 1760, sendo enterrada como indigente. A obra de Bach foi ignorada por muito tempo depois da sua morte, tendo o ponto alto do resgate em 1829, este efetuado por Eduard Devrient e Felix Mendenssohn [A_Emery_2024]. Atualmente Bach é considerado por muitos especialistas como o maior compositor de música clássica da história [A_Pontes_2022].

A Exumação e Aproximação Facial de 1894

Sabia-se que Bach havia sido enterrado em uma cova anônima no cemitério próximo a igreja de São João em Leipzig. Algumas pessoas tentaram encontrar o corpo, mas sem sucesso, sendo Robert Schumann em 1836 e a dupla Carl Gretschel e Heinrich Heilein em 1844. No entanto, em razão da reconstrução da igreja, que se deu no ano 1894, ocorreu mais uma tentativa de encontrar o corpo do renomado compositor [A_Kratochvil_2019]. Por volta de 1884, começou a se espalhar um relato, fornecido por um homem de 75 anos, que por sua vez, há 60 anos, havia ouvido de um outro senhor que à época possuía 90 anos. Tal informação potencilamente se referia à localização do túmulo de Bach. Esse senhor acompanhou os últimos dias da vida do compositor e na ocasião, trabalhava no cemitério. Informou que o enterro estaria a seis pés em frente a pequena entrada do lado esquerdo da igreja [A_Zegers_2009] [A_Kratochvil_2019] e com base naquela informação, foi instalada uma pedra memorial próximo ao portal sul do complexo religioso, [A_His_1895]. Apesar de limitar a região de busca, os dados não seriam suficientes para, sozinhos, permitirem que o corpo fosse encontrado. Felizmente uma outra informação disponível nos arquivos do Hospital Johannes dava conta de que Bach havia sido enterrado em um caixão de carvalho, algo atípico na época, pois dos 1400 enterros do ano de 1750 em Leipzig, apenas 12 eram feitos daquela madeira [A_Zegers_2009] [A_Kratochvil_2019] [A_Baer_1951]. Além das duas informações relacionadas a posição do enterro e o material do caixão, também sabia-se que se tratava de um homem por volta dos 65 anos de idade. Um corpo com todas aquelas características foi descoberto no dia 22 de outubro de 1894 e a estrutura craniana compatibilizava-se com o retrato conhecido de Bach (https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Johann_Sebastian_Bach_1746.jpg), pintado por Elias Gottlob Haussmann em 1746 [A_His_1895]. Animado por tais dados e frente a real possibilidade de se tratar os restos procurados, Wilhelm His (pai) lançou mão da abordagem publicada por Hermann Welcker em 1883, em que este utilizou dados de mensuração da espessura de tecido mole em relação ao crânio, para comparar esta estrutura com máscaras mortuárias atribuídas ao indivíduo ao qual pertenceria o crânio, no caso o trabalho envolvia a máscara mortuária de Schiller [A_Welcker_1883]. His por sua vez, desenvolveu uma tabela de espessura própria, baseada na mensuração de 37 cadáveres. Além disso, as informações das projeções foram repassadas ao escultor Carl Seffner que reconstruiu a face a partir de uma réplica do crânio e dos dados citados, gerando o busto [A_His_1895] que fundamentou as bases da aproximação facial forense [A_Prag_1997] [A_Taylor_2000] [A_Wilkinson_2004], ao menos em face à sua popularidade, pois o próprio His fez questão de reconhecer o trabalho de Welcker como referência. A abordagem de His não se resumiu a reconstrução facial, ele também analisou o crânio, forneceu uma série de medidas da estrutura como a capacidade do endocrânio em ~1480 cm³ e a altura do músico em ~1.67 m. Além disso identificou uma dimensão anormalmente grande da janela da cóclea (fenestra rotunda), com o diâmetro de 2.5 mm, frente a média de 1.5 mm. Posicionada no ouvido, tal alteração foi supostamente relacionada como uma predisposição anatômica para habilidades musicais, complementada por outras características como a extraordinária espessura e firmeza do processo mastoide, particularmente na sua parte cortical; a notável largura da incisura mastoidea; o destaque da crista petrosa; o incomum hiato subarcuatus [A_Baer_1951] [A_His_1895]. Para estudar tais estruturas, His precisou segmentar cuidadosamente os ossos do crânio, mas depois da análise remontou-os, organizou-os e os mesmos foram enterrados na nova igreja de São João [A_His_1895].

Análise Óssea de 1949

Quando em 1949 os ossos foram transferidos para outro local, a igreja de São Tomás, o cirurgião Wolfgang Rosenthal (1882-1971) analisou os restos mortais atribuídos a Bach e idenficiou um defeito físico específico que chamou de “doença do organista”. Tratava-se de um crescimento ósseo na região da pélvis anteriormente considerado por His como osteoartrite, mas que, segundo Rosenthal, caracterizaria um esforço mecânico repetitivo, fortalecendo ainda mais a evidência de que aquele esqueleto pertenceria de fato a Bach. Para reforçar a sua abordagem, ele examinou os ossos de 11 organista vivos, encontrando a mesma condição em todos eles [A_Kratochvil_2019] [A_Zegers_2009].

A Aproximação facial de 2008

No ano de 2008 o Bachhaus Museum encomentou a Dr. Caroline Wilkinson a reconstrução facial de Bach. O trabalho consistiu em inicialmente digitalizar a réplica do crânio pertencente ao acervo e proceder com a reconstrução facial forense digital, posicionando os músculos principais da face, bem como marcadores de espessura de tecido mole, projeção nasal e outras, no que se conhece como método de Manchester. Uma face física, aparentemente impressa e 3D, pigmentada e com uma peruca da época, com coloração baseada também no quadro pintado por Haussmann em 1746 foi apresentada no final de fevereiro daquele ano, gerando grande interesse da comunidade [A_Wilkinson_2010] [A_Dundee_2008].

Questionamentos Relacionados à Autenticidade

No ano de 2006 uma junta de especialistas apresentaram à diretoria da igreja de São Tomás, onde atualmente se encontra os restos mortais atribuídos a Bach, um detalhado plano científico para a análise do esqueleto, com a extração e comparação do DNA com os restos mortais de Carl Phillip Emanuel, o célebre filho do compositor. A proposta foi rejeitada pela diretoria e no ano de 2009 os pesquisadores publicaram um artigo, onde indicavam alguns problemas relacionados ao nível de evidência apresentado para sustentar que os restos mortais exumados em 1894 era de fato do compositor. Segundo os experts, em relação aos achados de His relacionados a estrutura anormalmente grande da anatomia do ouvido, a questão poderia estar mais atrelada ao tamanho geral do crânio do que necessariamente a uma habilidade fora do padrão. Os autores também apontaram que a relação entre o crânio e o tecido mole é fruto de controvérsia, citando artigos que trataram do assunto criticando a técnica de reconstrução facial forense. Também envolveram o estudo de Rosenthal (1949), indicaram a falta de imagens que ilustrariam o que seria a “doença do organista” e para contornar essa limitação, os especialistas procederam com um estudo próprio onde compararam organistas com não-organistas, encontrando o crescimento ósseo em apenas 33% do primeiro grupo, o que, segundo eles não suportaria os achados do estudo de 1949. Na conclusão eles indicam acreditar que seja improvável que os ossos sepultados em São Tomás pertençam a Bach, até que um estudo envolvendo DNA possa fundamentar ou refutar definitivamente tal abordagem [A_Zegers_2009].

Materiais e Métodos

Conceitos, Software e Hardware

A reconstrução facial forense (RFF) ou aproximação facial forense (AFF) [A_Stephan_2015], é uma técnica auxiliar de reconhecimento que reconstrói/aproxima a face de uma pessoa a partir do seu crânio e é utilizada quando há escassa informação para a identificação de um indivíduo [A_Pereira_2017]. Nota-se que a técnica não se trata de identificação, como aquelas oferecidas por DNA ou análise comparativa de arcos dentários, mas sim de reconhecimento que pode levar à posterior identificação [A_Baldasso_2020].

O presente trabalho utiliza o mesmo passo-a-passo abordado em [A_Abdullah_2022] e [A_Moraes_2024], iniciado com a configuração do crânio na cena 3D, seguindo com a projeção do perfil e estruturas da face a partir de dados estatísticos, gerando o volume do rosto com o auxílio da técnica de “deformação” anatômica [A_Quatrehomme_1997] e o acabamento com o detalhamento da face, configuração dos pelos, da indumentária e geração das imagens finais.

O processo de modelagem foi efetuado no software Blender 3D, rodando o add-on OrtogOnBlender (http://www.ciceromoraes.com.br/doc/pt_br/OrtogOnBlender/index.html) e seu submódulo ForensicOnBlender [A_Pinto_2020], ambos desenvolvidos pelo autor do presente material. O programa e o add-on são gratuitos, de código aberto e multiplataforma, podendo rodar no Windows (>=10), no MacOS (>=BigSur) e no Linux (=Ubuntu 20.04).

Foi utilizado um computador desktop com as seguintes características: Processador Intel Core I9 9900K 3.6 GHZ/16M; 64 GB de memória RAM; GPU GeForce 8 GB GDDR6 256-bit RTX 2070; Placa mãe Gigabyte 1151 Z390; SSD SATA III 960 GB 2.5”; SSD SATA III 480 GB 2.5”; Water Cooler Masterliquid 240V; Linux 3DCS (https://github.com/cogitas3d/Linux3DCS), baseado no Ubuntu 20.04.

Atenção

Além da AFF o OrtogOnBlender é utilizado para o planejamento de cirurgia ortognática [A_Cunha_2020] [A_Lobo_2022], rinoplastia [A_Sobral_2021], fraturas mandibulares [A_Facanha_2021], expansores mandibulares de bebês [A_Duarte_2023], documentação urológica [A_Nascimento_2023], próteses veterinárias [A_Taub_2024], próteses faciais [A_Salazar_2022] e outros, por usuários de 30 países, contemplando 4 continentes.

Aproximação Facial Forense

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Fig. 1 Projeções bidimensionais do crânio.

Para executar uma AFF é imprescindível que se tenha uma série de informações sobre o crânio. Isso inclui fotografias em diferentes vistas, medidas lineares e análises antropológicas. Em alguns casos, a disponibilidade de imagens radiográficas, exames de imagem e outros dados. No caso de Bach, foram utilizadas as imagens disponíveis na publicação de His (1895) [A_His_1895], que permitiram projeções bidimensionais das placas relativas ao crânio. Utilizando as fotografias, foi possível fazer projeçõe nas vistas fontal (eixos X e Z), lateral (Y e Z) e superior ou topo (eixos X e Y) (Fig. 1). Tais projeções são realizadas desenhando o contorno das imagens, conferindo uma escala adequada ajustada com referência nas medidas descritas.

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Fig. 2 Etapas iniciais da AFF - projeções.

O crânio de um doador virtual foi ajustado de modo que se conformasse à esses contornos produzidos como referência (Fig. 2, A). Para os marcadores de espessura do tecido mole (Fig. 2, B), foi escolhida uma tabela de medidas relacionadas a europeus do sexo masculino com alto IMC [A_De_Greef_2006]. A projeção nasal foi efetuada utilizando três dados diferentes, a projeção pelo método russo, pelo método de Manchester e pela metodologia complementar desenvolvida pelos autores do presente trabalho junto a uma equipe de especialistas, utilizando medidas efetuadas em tomografias computadorizadas de pessoas vivas e advindas de ancestralidades diferentes [A_Moraes_2021]. Uma video aula sobre a abordagem pode ser acessada de modo online. Com os dados da espessura de tecido mole e projeção nasal, foi possível efetuar o traçado do perfil da face (Fig. 2, C). A ponta do nariz foi rotacionada seguindo o grau de decaimento [A_Shastri_2021] extrapolado para a idade de Bach (Fig. 2, D)

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Fig. 3 Projeção e deformação anatômica.

Pontos anatômicos foram inseridos para auxiliar na projeção de estruturas faciais com referência na anatomia do crânio (Fig. 3, A). Esses permitem a visualização e posicionamento de globos oculares, nariz, orelhas e boca, com características derivadas de pesquisas em tomografias de pessoas vivas. [A_Moraes_2021b] [A_Moraes_2022]. Pela projeção no eixo Z (em azul) da proporção do mento, em relação a distância orbital frontomalar (fmo-fmo), percebe-se que a dimensão no eixo X do crânio é maior maior do que a média esperada, o que é atestado pela conformação da estrutura dentro das médias projetadas a partir da glabela e do nasion (linhas verdes próximas ao mento), que se encontram um pouco abaixo por conta da perda de dentes e a oclusão adaptada. Duas videoaulas sobre a metodologia de projeção estão disponíveis de modo online em: aula 1, aula 2. Para complementar os dados estruturais, a tomografia de um doador virtual, reconstruída no próprio OrtogOnBlender [A_Moraes_2021c], foi posicionada no mesmo plano que a de Bach (Fig. 3, B) e ajustada de modo que o crânio do doador se equiparasse aquele que seria aproximado (Fig. 3, C), refletindo a deformação no tecido mole e, logo, gerando uma face estruturalmente próxima ao que seria em vida [A_Quatrehomme_1997]. No processo foi possível segmentar a estrutura correspondente ao endocrânio (Fig. 3, D). Uma videoaula abordando a “deformação” anatômica pode ser acessada de modo online.

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Fig. 4 Etapas finais da AFF.

Seguindo a abordagem disponível em [A_Abdullah_2022], um busto previamente preparado foi importado e deformado sobre os dados interpolados das projeções e da deformação anatômica (Fig. 4, A e B). Na sequência as marcas de expressão foram esculpidas digitalmente, visando compatibilizar a face com a idade do compositor no momento da sua morte; também foram modeladas a indumentária, peruca e demais pelos faciais (Fig. 4, C). Para a iluminação e pigmentação da pele, foi tomado como referência o quadro pintado por Haussmann em 1746 (Fig. 4, D). Depois da face finalizada foram efetuadas comparações, medições e geradas as mídias para apresentação do rosto.

Resultados e Discussão

Ao todo foram geradas 12 imagens finais, quatro objetivas, quatro coloridas e quatro artísticas. As imagens objetivas ilustram o rosto com os olhos fechados, pois não se sabe com certeza o formato dos mesmos, além de não apresentarem a pigmentação da pele, pelos e cabelos, dos quais também não foram encontrados dados robustos e lembrando que não foram efetuados exames de DNA nos restos mortais (Fig. 5, Fig. 6, Fig. 7, Fig. 8). Outro grupo apresenta apenas a face, colorida e com os olhos abertos, mas sem cabelos e sem indumentária (Fig. 9, Fig. 10, Fig. 11, Fig. 12). Como o presente projeto está relacionado ao campo arqueológico e histórico, dentro de um contexto de pesquisa e divulgação, é esperado que se crie uma imagem com elementos artísticos e especulativos, como a configuração da peruca, indumentária, etc., o que foi abordado no terceiro grupo (Fig. 13, Fig. 14, Fig. 15, Fig. 16).

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Fig. 5 Objetiva - lateral (pose Haussmann).

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Fig. 6 Objetiva - lateral baixa.

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Fig. 7 Objetiva - frontal baixa.

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Fig. 8 Objetiva - perfil.

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Fig. 9 Colorida - lateral (pose Haussmann).

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Fig. 10 Colorida - lateral baixa.

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Fig. 11 Colorida - frontal baixa.

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Fig. 12 Colorida - perfil.

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Fig. 13 Artística - lateral (pose Haussmann).

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Fig. 14 Artística - lateral baixa.

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Fig. 15 Artística - frontal baixa.

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Fig. 16 Artística - perfil.

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Fig. 17 Comparações com outras obras. A1 e A2) Máscara wireframe da aproximação sobreposta à pintura de Haussmann (1746)- Wikimedia Commons CC. B) Desenho bidimensional de His versus projeção do perfil do atual trabalho [A_His_1895]. C) Sobreposição no mesmo ângulo dos traços da aproximação de Wilkinson 2008 [A_Dundee_2008] [A_Wilkinson_2010] sobre o trabalho atual.

Assim que finalizada, a face básica foi comparada com outros trabalhos relacionados ao rosto de Bach, inicialmente com o quadro pintado por Haussmann em 1746 (Fig. 17, A1 e A2), onde percebe-se uma significativa compatibilidade geral, com o nariz levemente menos pronunciado no quadro, um pequeno desalinhamento dos globos oculares e bom alinhamento dos lábios. Quando comparado com o desenho bidimensional de His (1894), o trabalho atual apresenta uma grande compatibilidade geral, diferindo apenas na porção final do nariz, que é mais inclinado na versão de 1894 (Fig. 17, B). Em relação a reconstrução de Wilkinson (2008), apesar de uma pequena variação, os trabalhos também seguem uma forma geral compatível (Fig. 17, C). Há uma clara convergência estrutural entre os quatro trabalhos mesmo que a forma de aproximação das faces tenham sido diferentes. Outrossim, tal compatibilidade não é prova de que o crânio tenha pertencido a Bach, apenas que houve uma significativa coincidência em relação a pintura atribuída a ele. Como indica o trabalho de [A_Zegers_2009], alguns dados são necessários para que se tenha uma maior certeza acerca do pertencimento ou não dos restos mortais ao grande compositor.

Mesmo com o ponto de vista coerente sobre as provas, algumas incongruências da publicação de 2009 merecem nota, como a indicação de que a tradição oral teria nascido em 1894, quando o próprio His informa que ela nasceu 10 anos antes e isso faz mais sentido, uma vez que se o ano do nascimento da tradição fosse 1894, o senhor que informou acerca dela teria 75, subtraindo os 60 anos de quando recebeu a informação, teria 15 quando ouviu a história do suposto coveiro, que teria 90. Se assim fosse, o coveiro teria 90 anos em 1834, logo, em 1750 teria 6 anos, sendo difícil praticar o ofício com tal idade. Se a conta for corrigida em 10 anos, segundo os dados de His, o coveiro teria 16 anos no momento da morte de Bach, o que faria mais sentido. Em relação a crítica efetuada sobre os problemas com os dados de tecido mole utilizado por His, o atual capítulo demonstra que o trabalho do anatomista foi coerente com os dados modernos, logo, faz muito sentido e, os próprios autores deste capítulo (C.M. e T. B.) já trabalharam em casos de aproximações no âmbito forense, um deles publicado em journal forense, onde os marcadores de espessura coincidiram de modo muito compatível com os limites do rosto aproximado [A_Baldasso_2020], o que vem acontecendo há mais de 10 anos de estudo, como se pode atestar em uma publicação de 2013 (https://www.ciceromoraes.com.br/blog/?p=1632). Uma pequena ressalva com relação ao trabalho de His seria relacionada à projeção do nariz, pois não fica clara a metodologia utilizada para o livro de 1894. Ainda assim, a análise comparativa demonstra resultados suficientes, se considerados os trabalhos modernos. Tal fato é mais um dos muitos detalhes que explicitam a grande experiência do anatomista. Um outro ponto que pode ser interessante e pousa em outra crítica por parte de Zeger et al. (2009), está na dita “doença do organista” onde os autores apresentam um estudo com organistas para refutar a condição entre essa profissão. Apesar da abordagem fazer todo sentido lógico, há um potencial fato na vida de Bach que poderia explicar a sua condição, este fato estaria ligado à viagem em que ele caminhou 440 Km em 1705 para ouvir Buxtehude tocar. Diante da situação, é razoável inferir que Bach tivesse o hábito de fazer longas caminhadas, de modo a estar preparado para grandes deslocamentos e, logo, os resultados estruturais do hábito se refletiriam na estrutura óssea.

Tabela 1 Volume do endocrânio.

Autor

Volume (cm³)

His (1894)

1479.50

Moraes et al. (este estudo)

1484.99

Tabela 2 Altura.

Autor

Altura (cm)

His (1894)

166.80

Moraes et al. (este estudo)

168.47

Os trabalhos não se limitaram a comparação de faces, outras mensurações e projeções foram efetuadas. Em relação ao volume do endocrânio, o estudo de His (1895) apresenta um valor de ~1480 cm³, já o atual resultou em ~1485 cm³. O levantamento foi possível graças à técnica de deformação anatômica e aos dados da espessura do osso craniano de Bach, presente na obra de 1895. Ao se converter o endocrânio em volume cerebral com a redução de 9,81% [A_Moraes_2023], o resultante foi 1339 cm³, pouco acima de um desvio padrão da média de humanos adultos do sexo masculino que seria de ~1234 cm³ (± 98) [A_Ritchie_2018]. Em relação a circunferência da cabeça, a mensuração resultou em 57.39 cm, frente a média dos adultos do sexo masculino que é de 56.2 cm (± 2.5) [A_Costa_2022]. Em relação a altura, o trabalho de His apresenta 166.8 cm, e o atual, segundo a tabela de Orfila, 168.5 cm [A_Galvao_2019].

Conclusão

O presente capítulo objetivou apresentar uma aproximação facial forense a partir de dados disponíveis digitalmente. Aplicando uma metodologia estabelecida anteriormente, foi possível apresentar novas imagens em um trabalho com licença aberta e que pode motivar estudos e debates, além de evidenciar um pouco da história de Johann Sebasitan Bach e dos supostos restos mortais do compositor.

Agradecimentos

Ao Dr. Richard Gravalos, por ceder a tomografia computadorizada utilizada neste estudo. Ao Dr. Rodrigo Dornelles por revisar o texto.

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