================================================================================ Mensuração de Dados Faciais Ortográficos em Malaios e Comparação com Brasileiros ================================================================================ | **Cicero Moraes** | *3D Designer, Arc-Team Brazil, Sinop-MT* | | **Johari Yap Abdullah** | *Craniofacial Imaging Laboratory, School of Dental Sciences, Universiti Sains Malaysia, Kelantan - Malásia* | | **Jafri Malin Abdullah** | *Department of Neurosciences - School of Medical Sciences, Brain and Behaviour Cluster - School of Medical Sciences, Department of Neurosciences and Brain Behaviour Cluster - Hospital Universiti Sains Malaysia, Universiti Sains Malaysia, Kelantan - Malásia* ==== .. only:: latex | Data da publicação: 5 de junho de 2022 | ISSN: **2764-9466** (Vol. 3, nº 1, 2022) | DOI: 10.6084/m9.figshare.20000720 .. only:: html | Data da publicação: 5 de junho de 2022 | ISSN: **2764-9466** (Vol. 3, nº 1, 2022) | ISBN: **978-65-00-47050-5** | DOI: https://doi.org/10.6084/m9.figshare.20000720 .. meta:: :citation_title: Mensuração de Dados Faciais Ortográficos em Malaios e Comparação com Brasileiros :citation_author: Moraes, Cicero :citation_author: Abdullah, Johari Y. :citation_author: Abdullah, Jafri M. :citation_journal_title: OrtogOnLineMag :citation_publication_date: 5/6/2022 :citation_volume: 3 :citation_issue: 1 :citation_firstpage: 31 :citation_lastpage: 36 :citation_pdf_url: http://www.ortogonline.com/doc/pt_br/OrtogOnLineMag/ebook/4/Malaios.pdf :citation_issn: 2764-9466 :citation_isbn: 978-65-00-47050-5 O presente capítulo tem por objetivo apresentar os resultados de um estudo efetuado com 34 exames de tomografia computadorizada (CT-Scan) anônimas de malaios e comparar os números com estudos semelhantes efetuados em brasileiros :cite:`Moraes_Sobral_Mamede_Beaini_2021` :cite:`Moraes_face_2022`. O trabalho procurou investigar estruturas cranianas em projeção média ortográfica (2D) a fim de que funcionassem como preditores para a dimensão de importantes regiões frontais da face como a posição das pupilas, linha central dos lábios (*ch-ch*), asas nasais e a projeção lateral do nariz, a partir de modelos tridimensionais do crânio. .. attention:: Este material utiliza a seguinte licença Creative Commons: **Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0)**. ---------- Introdução ---------- A reconstrução facial forense (RFF) é uma técnica auxiliar de reconhecimento que utiliza um crânio como base para a aproximação de uma face. Desenvolvida desde o final do século XIX ainda hoje é fonte de amplo debate e controvérsia :cite:`Stephan_fallacies_2003`, seja pela dificuldade em se definir o que é arte e o que é ciência em tal abordagem, ou a precisão das regiões anatômicas reais em relação às reconstruídas. Para resolver parte destes problemas, um dos autores iniciou estudos de projeção complementar de perfis de narizes a partir de tomografias de brasileiros, melhorando a assertividade das técnicas em relação aos métodos de Gerasimov e Prokopec e Ubelaker (Stephan et al. 2003) :cite:`Stephan_nose_2003`, reduzindo significativamente parte dos erros conhecidos de ambos (Moraes et al. 2021) :cite:`Moraes_Sobral_Mamede_Beaini_2021`. Em seguida também foi publicado outro material, também utilizando tomografias de brasileiros, focando no posicionamento dos globos oculares nos três eixos (X, Y, Z), o tamanho e posicionamento frontal do nariz, o traçado frontal da boca (*chellion-chellion*) e outras abordagens (Moraes et al. 2022) :cite:`Moraes_face_2022`. Além das mensurações apresentadas no capítulo de Moraes et al. 2022 :cite:`Moraes_face_2022` os autores mediram também a altura (eixo Z) das orelhas e a abertura (eixo X) dos olhos dos indivíduos malaios e também dos brasileiros, resultando em um dados separados e reunidos (Merged). ------------------- Materiais e Métodos ------------------- Mensuração das Estruturas Anatômicas ------------------------------------ .. figure:: images/Malasia_grafico_2.png :align: center Gráfico apresentando todas as medidas e projeções efetuadas no estudo. Tabela com dados pormenorizados: https://bit.ly/3NRw2KW O trabalho contou com 34 tomografias helicoidais (CT-Scan) e feixe cônico (TCFC) que foram reconstruídas no ambiente `Blender 3D `_ através do add-on OrtogOnBlender :cite:`MoraesOOB2020`, e fazem parte de um projeto aprovado pelo USMKK/PPP/JEPeM [259.3(2)]. Sendo a amostra composta por exames anônimos em banco de dados próprio, nenhum ser humano foi exposto à radiação com finalidade de pesquisa. Ao todo foram levantadas 20 medidas, um ângulo e várias porcentagens de uma medida em relação à outra (Fig. 1). No caso dos elementos simétricos, os dois lados foram mensurados. O objetivo foi comparar os dados de um grupo de brasileiros versus outro de malaios e juntar os dois em um estudo com o maior n possível, de modo a analisar se a diferença justifica a utilização de uma tabela própria para ambos. Projeção Nasal Lateral (Eixo Y) ------------------------------- .. figure:: images/Malasia_nariz.jpg :align: center Medidas nasais, segundo Moraes et al. 2021 :cite:`Moraes_Sobral_Mamede_Beaini_2021` As primeiras medidas efetuadas seguiram o padrão do estudo publicado por Moraes et al. 2021 :cite:`Moraes_Sobral_Mamede_Beaini_2021` com n=34 (Fig. 2). Para a Aperture a média foi de 28.5 mm com desvio padrão de 2.6. No estudo com brasileiros (n=50) a média foi de 30.7, com desvio padrão de 3.7, ao se fundir os dois estudos, resultando em um n=84 os valores não sofreram grande alteração, sendo a média 29.8 mm e o desvio padrão 3.4. Para a Base efetuada na amostra dos malaios (n=34) a média foi de 30 mm, com desvio padrão de 3.1. Nos brasileiros (n=50) a média havia sido de 34.5, com desvio padrão de 3.1. Cabe aqui uma observação, nos brasileiros a Base é em média 12.40% maior do que a aperture, já nos caso dos malaios a diferença cai para 5.26%. Ao se juntar os dois estudos (n=84) a média da Base foi de 32.7, com desvio padrão de 3.8, no caso da projeção adicional da Base do nariz a média foi de 9.66%. O Angle Aperture-Base médio nos malaios (n=34) foi de 54.4º com desvio padrão de 5.4. Nos brasileiros (n=50) a média foi de 53.2º com desvio padrão de 5.4 e na junção dos dois estudos (n=84) a média foi de 53.7º com desvio padrão de 5.4. Já a distância entre a linha projetada a partir da espinha nasal anterior (método Gerasimov) e a *columella* nos malaios (n=34) teve a média de 6.1 mm, com desvio padrão de 1.7. Nos brasileiros (n=50) a média foi de 4.8 com desvio padrão de 1.6 e a junção dos estudos (n=84) gerou uma média de 5.3 mm, com desvio padrão de 1.8. Medidas Importantes da Face --------------------------- .. figure:: images/Malasia_medidas.jpg :align: center Medidas efetuadas na face As demais medições apresentadas a partir daqui seguem o trabalho de Moraes et al. 2022 :cite:`Moraes_face_2022` e algumas novas foram mensuradas de modo a enriquecer os dados acerca das estruturas faciais (Fig. 3). Tal trabalho deixou clara a importância de espaços chave, que podem ser utilizados como base para a projeção de outros, como por exemplo a distância entre os pontos orbitais frontomalares (*fmo-fmo*), úteis em variadas projeções, dentre elas o posicionamento dos globos oculares, a dimensão frontal do nariz (eixo X) e os lábios. Os pontos seguiram a descrição proposta por Caple e Stephan 2016 :cite:`Caple_Stephan_2015`. A distância média *fmo-fmo* na amostra malaia (n=34) foi de 96.8, com desvio padrão de 4.1, o que pouco diferiu dos brasileiros (n=50), cuja média foi de 95.1, com desvio padrão de 4.4. Ao se juntar os dois estudos (n=84) a média resultante foi de 95.9, com desvio padrão de 4.3. Duas outras distâncias se mostraram úteis para a projeção dos lábios e da parte frontal do nariz, ainda com mais precisão em relação aquelas que utilizam os pontos *fmo-fmo*, trata-se da metade das distâncias somadas dos forames infraorbitais e mentuais. O estudo, no entanto contou com um n menor que os demais apresentados até o momento, isso pelo motivo do banco de dados dos brasileiros contar com 30 casos e o banco malaio, ainda que no total somasse 34, nem todas as tomografias eram da face completa, ou mesmo apresentavam boa resolução na região estudada. Sendo assim, a média da distância entre os forames infraorbitais nos malaios (n=30) foi de 53.7 mm, com desvio padrão de 3.8. Nos brasileiros (n=33) a média foi de 49.5, com desvio padrão de 4.9 e a junção dos estudos (n=63) resultou em uma média de 51.5, com desvio padrão de 4.8. Em relação à distância entre os forames mentuais, a média entre os malaios, contendo apenas 10 casos (n=10), foi de 47.9 mm, com desvio padrão de 2.7. A amostra dos brasileiros (n=33) teve a média de 45.3, com desvio padrão de 3.1. Ao se juntar todos os casos (n=43) a média foi de 45.9, com desvio padrão de 3.2. Posicionamento Tridimensional do Globo Ocular --------------------------------------------- Pela complexidade estrutural da região, o posicionamento do globo ocular dentro da órbita foi dividido em 3 etapas, correspondendo aos eixos X, Z e Y. A ordem respeita os passos para o posicionamento da estrutura no espaço tridimensional. Inicialmente foram levantadas as distâncias entre os centros dos globos oculares (*pu-pu*). Nos malaios (n=34) a média foi de 64.4 mm, com desvio padrão de 3.4. Nos brasileiros (n=33) a média foi de 62.6 mm, com desvio padrão de 3.6 e ao se juntar os estudos (n=67) a média resultante foi de 63.5 mm, com desvio padrão de 3.6. A distância entre o ponto *fmo* e centro da órbita (orb side-center) nos malaios (n=34) foi de 16.2, com desvio padrão de 1. Nos brasileiros (n=33) a média foi de 16.4 com desvio padrão de 1.1 e a junção dos estudos (n=67) resultou uma média de 16.3 com desvio padrão de 1. O estudo comparou as distâncias *pu-pu* vs *fmo-fmo* (% pu vs fmo), o resultado médio entre os malaios (n=34) foi de 66,6% com desvio padrão de 1.9. Entre os brasileiros (n=33) a média foi de 65.8% com desvio padrão de 1.5 e ao se juntar os estudos (n=67) a média resultante foi de 66.2% com desvio padrão de 1.7. .. figure:: images/Malasia_pu.png :align: center Gráfico comparativo entre a medida real (*pu-pu*) versus projeções Um gráfico (Fig. 4) foi plotado utilizando os dados das distâncias reais entre os olhos (*pu-pu*) comparando-as com a porcentagem de 66,2% em relação ao *fmo* (fmo\*66,2) e a distância *fmo-fmo* menos a média do lado dos olhos (fmo-eye sides), o resultado foi uma forte compatibilidade dos valores nos 67 casos mensurados. Mais gráficos relacionados a outras projeções podem ser visualizados no estudo de Moraes et al. 2022 :cite:`Moraes_face_2022`. Relacionado ao posicionamento no eixo Z (orb Z), foi traçada uma linha a partir da intersecção do limite lateral, ou seja, a linha representando o espaço anteriormente abordado e medido o espaço de cima para baixo, até o centro do globo ocular. Nos malaios (n=34), a média foi de 15.4 mm, com desvio padrão de 1.3. Nos brasileiros (n=33) a média foi de 15.5 mm, com desvio padrão de 1.5 e ao se juntar os estudos (n=67) a média foi de 15.4 mm, com desvio padrão de 1.4. Para o posicionamento no eixo Y (orb Y), foi mensurada uma média entre uma linha reta que tangenciava a aresta da região infraorbitária e a pupila (*pu*). A média da distância entre os malaios (n=34) foi de 6.3 mm, com desvio padrão de 3. Nos brasileiros (n=33) a média foi de 5.6 mm, com desvio padrão de 2.5 e ao se juntar os estudos (n=67) a média foi de 5.9, com desvio padrão de 2.8. Outra medida foi levantada, de modo a melhorar o posicionamento do globo ocular no eixo Y, mensurando o espaço entre o canino e a pupila ((13-23)-*pu*). No caso dos malaios (n=18), a média foi de 1.9 mm à frente dos caninos, com desvio padrão de 4.3. Entre os brasileiros (n=33) a média foi de 1.3 mm à frente dos caninos, com desvio padrão de 3 e ao se juntar os dois estudos (n=51), a média foi de 1.5 mm à frente dos caninos, com desvio padrão de 3.6. Medida e Projeção da Boca (ch-ch) --------------------------------- A distância entre os *chellions* (*ch-ch*) figura entre uma das mais importantes para a projeção frontal da face. Ainda que este material não explore as alturas dos lábios superior e inferior, os dados a seguir apresentados são de grande valia para uma aproximação mais coerente com a estrutura real do rosto. Na amostra malaia (n=19), a média da distância *ch-ch* foi de 49.3 mm, com desvio padrão de 3.5. No caso dos brasileiros (n=33) a média doi de 47.7, com desvio padrão de 5 e ao se juntar os estudos (n=52) obteve-se uma média de 48.3, com desvio padrão de 4.5. Ao se calcular a metade da soma dos forames infraorbitais e mentuais (Forames AV) versus a distância médias dos lábios chega-se a resultados muito próximos uns dos outros. No caso dos malaios o *ch-ch* (n=19) de 49.3 mm versus 51 mm do Forames AV (n=9). Em relação aos brasileiros temos o *ch-ch* (n=33) de 47.7 mm versus 47.4 mm do Forames AV (n=33). Ao se juntar os estudos observa-se o *ch-ch* (n=52) de 48.3 mm versus 48.2 mm do Forames AV (n=42). Neste caso, um n maior resultou em uma compatibilidade maior. Uma outra forma de se projetar a linha horizontal da boca é através da porcentagem do *ch-ch* em relação ao *fmo-fmo* (% ch vs fmo). Nos malaios (n=19) o espaço *ch-ch* representa 50,7% do espaço *fmo-fmo*, com desvio padrão de 3.3. Entre os brasileiros (n=33), o espaço representa 50.2%, com desvio padrão de 4 e ao se juntar os estudos (n=52), o espaço representa 50.4, com desvio padrão de 3.8. Medidas e Posicionamento Frontal do Nariz ----------------------------------------- O nariz, a exemplo dos olhos, também é uma estrutura complexa, que demanda vários passos em eixos diferentes para um posicionamento coerente com as estatísticas anatômicas. A projeção do perfil do nariz foi anteriormente abordada, neste tópico serão apresentadas medidas relacionadas ao posicionamento frontal. A distância entre os alares (*al-al*) nos malaios (n=34) a média foi de 41.9 mm, com desvio padrão de 3.9. Nos brasileiros (n=33) a média foi de 36.6, com desvio padrão de 4.6 e ao se juntar os estudos (n=67) a média foi de 39.3 mm, com desvio padrão de 5. Uma medida importante para a projeção do nariz é a distância entre os caninos (Teeth 13-23), nos malaios (n=19) apresentou uma média de 34.4 mm, com desvio padrão de 2.5. Nos brasileiros (n=33) a média foi de 34.8 mm, com desvio padrão de 2.7 e ao se juntar os estudos (n=52), a média resultante foi de 34.6 mm, com desvio padrão de 2.5. Com as duas séries disponíveis, a etapa seguinte consistiu em levantar a porcentagem que representa a distância *al-al* em relação a soma das distâncias entre os forames infraorbitais com a distância entre os caninos (% al vs InfrCan). Nos malaios (n=17) a média foi de 48%, com desvio padrão de 4.3. Entre os brasileiros (n=33) a média foi de 43.4%, com desvio padrão de 4.2 e ao se juntar os estudos (n=50), a média foi de 44.9%, com desvio padrão de 4.7. Outra abordagem baseada na projeção a partir de estruturas diferentes, utiliza a comparação da distância *al-al* versus a *fmo-fmo*, muito útil em casos onde faltam os forames ou os caninos. No caso dos malaios (n=34), a média foi de 43.3%, com desvio padrão de 3.8. No caso dos brasileiros (n=33), a média foi de 38.4% com desvio padrão de 4.1 e ao se juntar os estudos (n=67), a média resultante foi de 40.9%, com desvio padrão de 4.7. Os dados acima posicionam as asas no eixo X, depois da projeção lateral que auxilia o dimensionamento no eixo Y, falta o eixo Z. Para tal mensurou-se a distância do ponto nasoespinale até a base das asas nasais (*ns-ac*). Nos malaios (n=34) a média foi de 5 mm, com desvio padrão de 2.3. Nos brasileiros (n=33), a média foi de 4.5 mm, com desvio padrão de 2.1 e ao se juntar os estudos (n=67) a média foi de 4.8 mm, com desvio padrão de 2.2. Medida da Abertura das Pálpebras (Eye) -------------------------------------- A medida das aberturas das pálpebras (Eye) não figura nos estudos supracitados. Para que uma comparação pudesse ser efetuada, os autores recorreram ao banco de reconstruções tomográficas dos brasileiros, incrementando a base de medidas com esses novos dados. A motivação para tal se deu ao observar uma relação de linhas traçadas frontalmente para a mensuração de outros pontos, mas que coincidia com os limites das pálpebras (Fig. 5). A saber, as linhas verticais dos pontos alares (*al-al*) e frontomalares (*fmo-fmo*). .. figure:: images/Malasia_projeta_olho.jpg :align: center As linhas *fmo-fmo* e *al-al* apresentaram compatibilidade com as extremidades das pálpebras em uma série de estudos, no entanto, a projeção foi inferior àquela baseada em 30% da distância *fmo-fmo* Inicialmente foram mensuradas as aberturas das pálpebras e nos malaios (n=34), onde a média geral da abertura foi de 29 mm, com desvio padrão de 1.7. O levantamento nos brasileiros (n=33) resultou em uma média de 28.3 mm, com desvio padrão de 1.7 e a junção dos estudos (n=67) por sua vez, resultou em uma média de 28.7 mm, com desvio padrão de 1.8. .. figure:: images/Malasia_eyes.png :align: center Gráfico plotado apenas com a medida entre os malaios (n=34) Com as medidas geradas, os autores geraram um cálculo onde se tomada a distâncias *fmo-fmo*, menos a distância *al-al* e finalmente dividindo a mesma em duas para extrair a projeção da abertura da pálpebra projetada (((fmo-fmo)-(al-al))/2). Se por um lado uma série de resultados ficaram coerentes com a medida real, por outro um número grande de outros não se compatibilizaram. A título de curiosidade os autores plotaram a porcentagem média do espaço da abertura das pálpebras versus a distância *fmo-fmo*, posto que tal distância se mostrou compatível com uma série de outras. Tal projeção se saiu melhor do que o traçado *al-al* e *fmo-fmo*, com a vantagem de não necessitar de uma estrutura do tecido mole a ser reconstruída (*al-al*) e ainda forneceu resultados melhores que a média da região, acompanhando a variação das dimensões reais (Fig. 6). Ao se comparar a distância da abertura das pálpebras (Eye AV) com a distância *fmo-fmo*, no caso dos malaios (n=34) a média foi de 30%, com desvio padrão de 1.6, nos brasileiros (n=33) a média foi de 29.8%, com desvio padrão de 1.8 e ao se juntar os estudos (n=67), a média resultante foi de 29.9%, com desvio padrão de 1.7. Medida das Orelhas ------------------ Reconstruir as orelhas pode ser um grande desafio, uma vez que o crânio apresenta apenas o meato acústico externo na região anatômica. Além disso, a orelha costuma ser um elemento secundário na aproximação facial, uma vez que o interesse dos observadores costuma se concentrar na porção frontal da face. A fim de imprimir uma maior coerência na confecção desta peça anatômicas os autores optaram por mensurar as orelhas, inicialmente para levantar uma média de dimensão no eixo Z (altura), mas posteriormente foi identificada uma inesperada relação com a distância *fmo-fmo* (fmo\*60.7%). Inesperada posto que as duas se encontram em eixos diferentes, a orelha nos eixo Z e o *fmo-fmo* no eixo Y. .. figure:: images/Malasia_ears.png :align: center Gráfico plotado apenas com a medida entre os malaios (n=34) A distância média da altura das orelhas nos malaios (n=29) foi de 58.3 mm, com desvio padrão de 5.1. Nos brasileiros (n=29), a média foi de 57.7, com desvio padrão de 4.6 e ao se juntar os dados (n=49), a média resultante foi de 58.1 mm, com desvio padrão de 3.5. Já a comparação entre a altura da orelha versus a distância *fmo-fmo*, resultou nos malaios (n=29) em uma média de 60.7% (Fig. 7), com desvio padrão de 5.8, nos brasileiros (n=20) uma média de 61.6%, com desvio padrão de 5.6 e ao se juntar os estudos (n=49) resultou em uma média de 61.1%, com desvio padrão de 5.7. Outras Medidas -------------- Outras duas medidas foram elencadas devido às suas compatibilidades com outras regiões do crânio, a distância entre as cristas ósseas na cervical dos dentes molares 17 e 27 (*emc²-emc²*) e a distância entre os pontos mais extremos do gônio frontalmente (*go-go*). Nos malaios (n=18) a distância média entre os pontos *emc²-emc²*, foi de 65.3 mm, com desvio padrão de 3.6, já nos brasileiros (n=33) a distância média dois de 61.4 mm, com desvio padrão de 4.1. Ao se juntar os estudos (n=51) a média foi de 62.7 mm, com desvio padrão de 4.3. A distância em questão se mostrou muito próxima daquela entre os centro dos olhos (pu-pu), sendo 62.7 mm a primeira e 63.5 mm a segunda, quando se isola a média dos estudos reunidos. Nos malaios (n=18) a distância entre os pontos *go-go*, foi de 97.4 mm, com desvio padrão de 3.5, nos brasileiros (n=33) a medida foi de 95.1 mm, com desvio padrão de 6.5. Ao se juntar os estudos (n=51) a média foi de 95.9 mm, com desvio padrão de 5.7. A distância em questão se mostrou a mesma distância dos pontos *fmo-fmo*, sendo ambas 95.9 mm, quando se isola a média dos estudos reunidos. --------- Conclusão --------- Embora haja uma pequena diferença na média de algumas medidas, tais números se encontram dentro do desvio padrão de ambas as populações. O mesmo pode ser dito em relação a projeções baseadas na porcentagem de distâncias. Ao se juntar os estudos o número de exames aumentou significativamente, dando mais robustez aos dados, indicando a possibilidade de uma projeção “universal” para a aproximação facial forense baseada em tal abordagem. É evidente também que mais mensurações precisam ser efetuadas em populações diferentes, de modo a aumentar ainda mais a robustez, ou indicar adaptações para populações específicas. -------------- Agradecimentos -------------- Ao Dr. Davi Sandes Sobral por ceder a tomografia utilizada na imagem didática.