Composição de um Mosaico em Alta Resolução a partir de Capturas Microscópicas

Eduardo Dallazen
Cirurgião BMF, Mestrando FOA/UNESP, Araçatuba-SP

Anderson Maikon de Souza Santos
Cirurgião BMF, Doutorando FOA/UNESP, Araçatuba-SP

Cicero Moraes
3D Designer, Arc-Team Brazil, Sinop-MT

ISBN: 978-65-00-29233-6

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O presente capítulo tem por objetivo apresentar o uso do Hugin para a criação de mosaico a partir de uma série de imagens microscópicas sequenciais.

Atenção

Este material utiliza a seguinte licença Creative Commons: Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).

Apresentação

Desde a criação dos primeiros microscópios de luz no final do século XVI e início do século XVII, o estudo dos tecidos (histologia) têm instigado a curiosidade humana e motivado a realização de trabalhos utilizando a microscopia, permitindo a avaliação dos tecidos em diferentes aumentos, dependendo da necessidade do observador. Atualmente a histologia faz parte da grade de disciplinas de cursos de graduação e pós-graduação das áreas que envolvem ciências biológicas e da saúde, e tem se mostrado essencial para o desenvolvimento da ciência e melhorias na qualidade de vida da população. A partir de técnicas específicas pode-se preparar os tecidos para que seja possível observar padrões de normalidade ou alterações provenientes de doenças ou induzidas por tratamentos e intervenções nas regiões analisadas.

Uma das aplicações da histologia na área médico/odontológica é a avaliação da neoformação de tecido ósseo após procedimentos de enxertia. Um exemplo é a avaliação do tecido ósseo formado após o levantamento da membrana do seio maxilar e enxertia da região, seja com biomaterial ou enxerto autógeno. Para isso, após o período de reparo, são realizadas coletas das regiões de enxertia. Essas amostras passam por processo laboratorial para incorporação dos tecidos (calcificados ou descalcificados) em lâminas histológicas, coradas, rotineiramente, com hematoxilina e eosina (HE), sendo utilizadas para realização de análises da quantidade de osso neoformado, tecido conjuntivo e partículas de biomaterial remanescente. Nessas análises, regiões predefinidas são utilizadas para calcular médias dos tecidos presentes naquele corte histológico [A32].

Uma das desvantagens desse tipo de análise é que as imagens são realizadas em objetivas de 12,5x de aumento, o que restringe o campo de visão da totalidade do corte histológico, o qual já representa uma fração da área enxertada. Desta forma, a composição de uma imagem ampla com alta resolução permite uma melhor visualização da distribuição e relacionamento dos tecidos na área enxertada, juntamente com a possibilidade de visualizar detalhes celulares a partir da ampliação da imagem no computador.

Criando o Mosaico

A criação do mosaico seguiu a mesma abordagem descrita nos capítulos Lunetas, Macros e Microscópios Digitais de Baixo Custo na Fotografia e Fotogrametria 3D [A23] e Guia Prático de Astrofotografia Amadora com Software Livre [A15], ou seja, uma série de fotografias foram capturadas, com pequenas regiões sobrepostas de modo que o algoritmo juntasse todas elas em um grande arquivo final.

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Exemplo de captura individual

As capturas foram efetuadas com uma câmera Zeiss AxioCam ICc 1 Rev.4 FireWire, 1.4MP, 1/2, acoplada ao microscópio de luz (Carl Zeiss Jena Jenamed 2) com ampliação de 12,5 vezes (Fig. 1).

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Thumbnails de algumas capturas

A lâmina foi completamente varrida com 64 capturas individuais sobrepostas (Fig. 2)

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Mosaico gerado no Hugin

A geração do mosaico (Fig. 3) seguiu a mesma sequência de comandos descritos em um dos capítulos supracitados, mais precisamente na seção Composição da Imagem em Alta Resolução.

Dica

No capítulo citado está disponível uma videoaula com o passo a passo da composição de um mosaico. Ainda que não se trate de uma lâmina como a abordada no capítulo, a abordagem é a mesma utilzada para a composição da imagem final.

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Mosaico resultante do processo

A imagem resultante do processo foi um arquivo TIF de 3468 x 11401 pixels, totalizando 57,9 MB (Fig. 4).

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Imagem final pós edição

Para permitir que a região de interesse ficasse mais evidente, a imagem passou por uma edição que alterou o brilho e o contraste, de modo a salientar a área observada pelo microscópio (Fig. 6). Esse tipo de edição pode ser efetuado no Photoshop® ou em um software livre como o Gimp.

Conclusão

O Hugin é uma ferramenta apta para compor imagens em alta resolução a partir de um conjunto de capturas microscópias e embora o presente capítulo tenha abordado uma composição em lâmina histológica de amostra de seio maxilar corada em HE, a técnica aqui apresentada pode ser utilizada para diferentes modelos experimentais e para diversas colorações. No entanto, salientamos que a quantidade de capturas de imagens irá variar de acordo com a definição almejada e com o tamanho da objetiva e da peça histológica.